[Você pode ler este texto ao som de Your Song]
Eram 4h59 da manhã. Uma madrugada fria, daquelas que você gosta de
ficar bem juntinho, debaixo do cobertor. Foi no meio de uma risada,
enquanto você jogava a cabeça pra trás e tentava recuperar o ar. Você
fecha os olhos quando ri, sabia? Talvez seja por isto que não tenha
visto. Eu dei todos os sinais, o corpo arrepiado, as mãos tremendo, a
mordida no lábio inferior; e você deixou passar batido. Cê tava
concentrado em tentar recuperar seu ar e nem reparou que eu perdia o meu
por você.
Você cantarolou um verso qualquer de uma música que eu não conhecia e
eu não consegui tirar meus olhos da sua boca. Lembro que pensei se
tinha remédio quando a gente chegava nesse estágio. Mas acho que paixão
só se cura depois que a gente se joga. Nem que saia quebrado. Nem que a
gente nem consiga mais sair.
Cê tocou minha cintura e meu corpo gelou. (Não notou?). Passou um
filme na minha cabeça de todas as mulheres, de todos os porres, de todas as
noites em que eu me joguei na cama e me perguntei por que eu ainda dava
bola pro amor. E, enquanto eu pensava, eu olhei pra você. E cê fez o
amor fazer sentido de novo.
Era pra você ser só mais uma. Desses rolinhos de duas, três, quatro
noites com vodka, sexo e risada. Sabe? Pra que mais? Pra que mais depois
que a gente já quebrou o coração? Eu olhei pra você e eu tinha completa
noção que eu não devia insistir num treco tão complicado que já tinha
dado tão errado.
Mas cê fez o amor parecer simples. Foi por isto que eu quis você.
Foi no meio da sua risada. E dentro dum abraço. E enquanto você mexia
no meu cabelo. E durante aquela sensação de segurança que você sempre
me trouxe de que o mundo pode fazer tudo, e você ainda vai estar aqui.
Foi por causa daquele seu olhar. Foi porque você nem fez nada. Só riu. E
nem viu, mas ali eu me apaixonei por você.
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